domingo, 9 de março de 2008

Domingo com Mãe&Filha

Como sou uma mulher geneticamente antiga, que sempre detestou a vida contemporânea não importava a época em que ela se passasse, não sei se estou fazendo certo neste blog, ou se estou mesmo me comportando como a imbecyber que sempre fui. Não acho minha cyber sábia filha, pra ela me explicar direitinho esta ciência. Mas, enquanto não me dão um corretivo, eu vou fazer o que me dá na telha. Gosto de ler os comentários e os comentar. Então, hoje, dei uma passadinha aqui pra ver a repercussão deste encontro Mãe e Filha, e gostaria de esclarecer ao leitor, Ricky, que escreve muito bem e que me conhece melhor ainda, mas nunca em sentido bíblico, uma vez que ele sabe bem que sou muito transparente em meus desejos e que foi, diante dele, em Paquetá, que pedi a mão de sua esposa, em casamento. Ela recusou. O Ricky disse que finalmente Mary Fê me levou a democratizar o acesso ao meu cérebro, já que ao sexo já estava bem democratizado e outras barbaridades. Isso é coisa que se fale pra uma filha minha?! Eu sou uma mulher tradicional e de ilibada re-puta-ção. (acho que me atrapelhei na hifinização...) Assim, ela vai pensar o quê?! Que é filha de chocadeira?! Então, antes que ela leia, se é que já não leu, porque sumiu há dias, eu quero que ela saiba, primeiro, que se trata de uma calúnia vil. Segundo, que ela nasceu do amor desta mulher aqui pelos irmãos Marx. O.K., teve Jerry Lewis, Lucille Ball, Woody Allen, Dorothy Parker, Fran Lebowitz e alguns outros no meio. Mas eu os amei com igual intensidade. E todos são responsáveis por sua paternidade. Então, filha, você não é filha de uma mulher desonrada, que tentam difamar. Você é minha filha com todos esses palhaços a quem você puxou na inteligência, embora deva a esta sua genitora a aparência irresistível.

Tenho recebido muitos elogios ao blog, via email. Todos muito inteligentes e egressos de renomados intelectuais. Então, ainda que eu e Mary Fê venhamos a ser alvo de difamadores, façam como o Ricky, excelente escritor, rabisquem suas opiniões, ainda que elas não sejam as mais encomiosas. Pichem, porque a vaia consagra o artista. E aplaudam, porque o aplauso também estimula. Não se acanhem. Estamos aqui pra dizer e para ouvir. E responder, quando for o caso, mas sempre com muito sense of humor, porque esta é a marca registrada de nossa família.

Família lambra mãe, mãe lembra filha, e ontem eu li uma matéria, a propos, sobre os descendentes de escritores que lutam por seus direitos de herdeiros. Pus-me a pensar que, entre criadores, a genética funciona de uma forma subjetiva, quase imponderável. Os herdeiros biológicos de um escritor nem sempre são seus herdeiros legítimos. Aliás, não são. Concordo em que eles devam receber todos os royalties de seus pais, avós, antepassados...Mas um autor vive num planeta paralelo: o da imaginação. E, nele, a procriação é exercida de maneira muito diferente da que conhecemos. Eis por quê Mary Fê é minha filha com aquela gente toda. Assim como sou filha de Clarice Lispector com Chacrinha, segundo li outro dia alguém comentar. Assim, a árvore genealógica do artista vai desenvolvendo suas ramificações. Artista hereditário é algo inexistente. O DNArte é uma descoberta ainda em pesquisa. Mas já dá pro notar que filho biológico de artista, em geral, é uma toupeira. Existem exceções, claro. Vamos ver...ahn...ahn...sim, Maria Fernanda é ótima atriz e filha de Cecília Meireles. Mas ela não se meteu a poeta. E também não há dúvidas de que Guto e Moacy Franco são farinha do mesmo saco. Joan e Melissa Rivers, idem. Mas ainda não inventaram filiação biológica mais adequada do que a de Judy Garland e Liza Minelli. Liza foi tão talentosa quanto a mãe. Entretanto, seu medo de acabar igual a antecessora era tão grande que a empurrou para um destino semelhante, antes que ela pudesse provar ao mundo seu talento descomunal, mais que atestado em dois filmes "Cabaret" e "New York New York". Com apenas 20 anos, dirigida exemplarmente pelo gênio de Bob Fosse, Liza deixou e deixa a todos de queixo caído, com sua extraordinária atuação, sua voz divina e sua interpretação delirante. Em "NY NY", ela não faz por menos, sob a batuta de Scorcese. Talvez Liza tenha também incorrido no erro de fazer papéis mais próximos de sua época, do ponto de vista cronológico. Mas sua época era a de sua mãe, do glamour, da fantasia, da golden age de Hollywood, que matava as atrizes de estafa, enchia-as de anfetamina, para emagrecer, mas arrancava, na base do chicote, performances imortais. E o que é uma vida mortal diante da eternidade?! Liza morreu em vida. O que prova que esta é uma alternativa ainda mais triste. Por medo de morrer, morreu. Ao contrário de sua mãe, que flagrou o pai, gay, com sombra lilás nos olhos, e se atirou no álcool e nas pílulas, optando por perecer fora das telas, mas viver para sempre nelas. Então, neste domingo, em que procuro minha filha perdida e não acho, deixo vocês com dois clipes: um de Liza cantando "Copacabana", de Barry Manillow, com os Muppets, escolhido por Mary Fê, e outro de Judy, cantando "Smoke gets in your eyes", de um jeito inaudito e esfumaçado. Ei-las. De Mãe e Filha, Mãe e Filha, com DNArtístico testado e aprovado.

4 comentários:

Guilherme Scarpa disse...

Mathilda e Mary Fê,
Vir aqui é um prazer indescrítivel. Textos deliciosos, tão cheios de boas observações nas entrelinhas. Vocês também Moram na Filosofia!
:)
Beijos

Guilherme Scarpa disse...

ps: quero passar um domingo com vcs!
;)
hehehe

Ana Maria Santeiro disse...

muito bom ver a Lisa! Que talento!

Ricky disse...

pois é mathilda, mil perdoes, dez mil (e um) perdões, mereço ser açoitado pro proferir comentario tao improprio neste recinto sagrado!

penso que por estar em toalete posso sussurrar confidencias & calúnias, esqueço que o banheiro é público e aqui tudo que se escreve ouvem as pessoas, essas bisbolheteiras who had no business being here in the first place.

me esqueci tambem do sabio conselho que sempre me dizia minha querida mãe, quando me levantava dormindo do sofá e me acordava cantarolando, enquanto cerrava as janelas do seu bordel que finalmente com suspiros arfantes de noites suadas encerrava suas atividades lúbricas.

e ela me dizia: nunca fale do púbico em público.

portanto penintencio e sentencio aqui a minha reticencia, quer dizer, a retificação:
quero deixar bem claro que, ao contrário do que pude insinuar em comentário anterior, Mathilda jamais democratizou o seu sexo.

Pelo contrário, aquilo sempre foi uma ditadura! Sempre dita e muito dura!!