segunda-feira, 3 de março de 2008

Sanções e Sansões


Há muito me ocupo de tentar compreender um fenômeno que me faz arrancar os cabelos, tamanha a sua imponderabilidade: a calvície precoce em músicos. Notei a incidência de queda de cabelos na categoria, primeiro, num produtor que me contratou pro selo WEA, nos anos 80. Nos anos 60, ele ostentava longas madeixas até o ombro, que balouçava no melhor estilo headbanger, arrancando suspiros das groupies. Mas, já na década de oitenta, o sujeito já apresentava sinais do que parecia ser uma reedição do projeto Jari, que desmatou boa parte da Amazônia legal. Seus cabelos, segundo diziam, não caíam. Atiravam-se. Não sei se posso atribuir ao hábito de cafungar, muito caro ao dito cujo, mas talvez haja alguma relação, porque seus colegas de carreira(s) também padeciam do mesmo mal. Comecei a observar, entretanto, que isto vinha ocorrendo no ambiente musical, a torto e a direito. Amigos meus que pareciam homens das cavernas, de uma hora para outra, assomavam como o palhaço carequinha. Não que eu tenha nada contra carecas. É dos carecas que elas gostam mais. Porém, ficou um troço estranho. Banda de rock´n roll etc sempre se caracterizou por agregar cabeludos em seu corpo. De repente, o que mais se vê é banda de carecas. Será que é algum material usado nos estúdios? Será o volume do som? Imaginem os Stones carecas! Mark Knofler enterrou sua carreira cedo, por isto. Ninguém acredita em roqueiro calvo. Eu ouvi dizer que o referido acima produtor empregou toda a sua fortuna em tônicos capilares. No início, dizem, era apenas uma coceirinha...aos poucos, a comichão se converteu numa devastação sem par. Outros colegas músicos, do mesmo modo, coçam o couro cabeludo, peocupados, porque onde antes viam Angus Young, agora, vêem Sinead O´Connor. Sem melenas, o rock vai perder a força. Mas as Dalilas estão aí mesmo, pra empunhar as suas e não deixar a guitarra cair. O visual skinhead pode ser up to date, mas eu ainda sou do tempo do musical "Hair". Tou dando força pra minha filha recar, que ela fica linda. Mas presto aqui minha solidariedade aos músicos que foram escalpelados pela indústria fonográfica, com os votos sinceros de que se não lhes restituir a cabeleira o tempo lhes restitua o cérebro! Amém!

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