sábado, 15 de março de 2008

Alexander Supertramp versus O Homem do Gelo

Ontem, eu fui ver "Into the wild", o filme de Sean Penn inspirado em livro homônimo, sobre um garoto rico que abandona a segurança burguesa para se jogar na estrada, rumo ao Alaska, e termina morto por envenenamento de ervas colhidas no desespero de uma fome selvagem, que o venceu, depois de semanas perdido no mato. Leitor dos maravilhosos Thorreau e de Jack London, ele queria, de fato, ser um homem de Rousseau. Mas este beau sauvage, edição norte-americana, esqueceu-se de ler um conto de London, intitulado "To light a fire." Jack London London reverenciava a natureza, mas não deixava de assinalar a pequenez humana diante de sua grandiosidade. A vulnerabilidade da espécie, frente a cenografia panteísta. Em "To light a fire", por exemplo, os personagens passam a narrativa inteira, desesperados, tentando acender o fogo, e acabam por morrer de frio. Alexander Supertramp padece da ingenuidade intrínseca de seu gênero: o americano. E, aos 23 anos, não acredita na sociedade, nem em Papai Noel, mas está convencido de que pode se embranhar na selva, sem GPS, depois de ter atravessado a vida entre os confortos industriais oferecidos pela sociedade mecanizada que ele rejeita.
Considero Sean Penn excelente diretor, mas o filme é uma bobagem. Minha amiga, Dulce Quental, o classificou como o Easy Rider dos anos dois mil. E concordo com ela. É um Easy Rider sem ideologia. Uma ode ao individualismo, mascarado de paixão pela liberdade, que tanto pode jogar um menino numa tremenda roubada, quanto lançar toda a humanidade ao caos e à barbárie. Porém, o pior é o excesso de turismo ecológico que a película exibe. É caiaque no Grand Canyon. É subida de morro, é acampamento no deserto, é rapel... Eu, que já fui eliminada há anos pela seleção natural das espécies, tenho verdadeiro horror a essas aventuras, e acho que, se Deus quisesse que vivêssemos deste jeito, não teria colocado tantos restaurantes na Big Apple, a única maçã que me tenta no paraíso urbano. Olhava, quando morava no Brooklyn, o skyline de NY, e para mim aquele era o Éden. Tanto quanto olho o crepúsculo na poluição de São Paulo e me sinto diante de uma obra divina. Sou movida a monóxido de carbono. Não tem jeito. Entretanto, sou amante da natureza. Gosto de admirar passarinho, horas, fazer meu exercício nefelibata diário, olhar a chuva batendo sobre as árvores. Mas tenho a consciência de minhas limitações de mulher do século XX(I) e não ouso desafiar os desínios do Criador, atirando-me a aventuras arriscadas. Por essas e por outras, o filme, que tem momentos pungentes e belíssimos, não me toca, a não ser pelos minutos finais. Draminha de família americana, Mom and Dad, também me entedia. Mas, em respeito ao ex de Madonna, eu fui conferir o rolo.
Ao chegar em casa, mergulhei em minha leitura favorita, Scientific American, e abri direto numa página sobre o Homem do Gelo. Achei uma coincidência incrível, porque o cadáver de 5300 anos, o mais bem preservado da história, foi encontrado exatamente no mesmo ano em que o corpo de Christian foi achado, no Alaska. Nas infinitas pesquisas, descobriu-se que Otzi, que também já foi chamado de Hibernatus, se alimentava de raízes e estava exemplarmente bem equipado para enfrentar o frio. Eu me lembro muito bem da matéria, na época, porque até escrevi uma letra de música em inglês, que se não me engano, vou conferir, se chamava Famous Mumy. Eu dizia na letra que toda esta busca insana pela celebridade, a fama contemporânea, tudo isto era inútil, porque, em milhares de anos, um simples pastor de ovelhas, pelo simples fato de ser uma múmia, seria celebrado e entraria pra História. O fato é que este pastor primitivo tinha muito mais recursos para lidar com a natureza, do que o norte-amaricano, com college degree. E ele não morreu, como seu sucessor, de inanição, mas atingido por uma flecha, numa disputa. Li fascinada a saga de Otzi e acho que sua vida daria um filme muito mais interessante do que o proporcionado pela de Alexander Supertramp. Ele, sim, era o Beau Sauvage legítimo. Ou o que mais se aproxima deste ideal. E, mesmo assim, enfrentou as geleiras com vestimentas muito bem elaboradas pra enfrentar a baixa temperatura e um conhecimento sobre plantas, que não constava do livrinho do rapaz. Christian virou cinza. E Otzi é mantido em criogenia. Quem sabe um dia este modesto camponês não ressuscite através da clonagem?! E o burguês americano, então, como tudo o que cultura de massa vem produzindo ultimamente, estará esquecido. Ninguém vai se lembrar de sua transcendência. De seu desejo de ser santo. Contudo, através de Otzi, talvez a gente se lembre de como éramos mais integrados a esta natureza que tanto depredamos. Um bando de pássaros atravessou minha visão da janela. Todo dia, em horas certas, eles se organizam neste mesmo precurso e fazem desenhos precisos no ar. E eu paro para observar. Assim como paro para observar minha espécie agonizante, em sua ignorância extrema, e me pergunto onde estará o meu bando. Este com quem ainda ambiciono alçar vôo e seguir ao alto, sem a onipotência juvenil de Christian. Mas a sabedoria de cinco mil e trezentos anos de Otzi e daqueles que, como eu, ainda acreditam em vôos coletivos.

29 comentários:

Scarpa disse...

Confesso que já não estava muito animado para conferir o novo longa de Sean Penn. Agora, menos ainda. Ontem, Larisa, uma amiga polaca que está hospedada em minha casa, queria porque queria assistir a algum filme. E eu, totalmente off-vontade, não conseguia escolher qualquer DVD. Até que lembrei de 'Na Cama com Madonna', que eu já assisti umas 77 vezes. Perguntei se ela tinha visto. Disse que não. Eu não ia mesmo me importar de ver pela 78ª vez. Ficou atenta ao filme. Pediu legendas em inglês, embora estude espanhol. Quanto ao aúdio, senti que ela gostaria que eu colocasse em espanhol. Mas, Madonna dublada neste idioma, era demais para uma 78ª vez. Então, consegui convencê-la de vermos o filme duplamente em inglês. E foi ótimo. Pensei que não me surpreenderia com mais nada. E, sim, ela me surpreendeu quando disse que gostou do filme. "She's so human. She has a great great sense of humor", foram as palavras de Larisa. Meninas, acho que escrevi demais. Sorry.
Mas desconfio que a Madonna diretora de cinema é mais legal que o Sean diretor. rs
Beijos

Anônimo disse...

Ai, ai, é preciso comentar alguma coisa, se não Mad Math se enfeza. E a raiva dessa metralhadora é um perigo maior que tpm em véspera de viagem...
Queridas mãe e filha, seu blog está ótimo.
Pena que, míope que sou, de olhos e de energia, não consigo ler tudo e tanto por trás dessa telinha de computador. Me dá um cansaço...Uma preguiça...
Sou do tempo em que a gente se telefonava e ficava horas ali, pendurada no fio preto comprido e circular, deitada na cama, olhando pro teto, e falando, falando, falando, até que o pai berrava que não era sócio da cia telefônica, que era pra desligar, pô (poizé, era época do "pô")!!
Enfim, amiguinhas, continuem pelo aí virtual. Vou trocar os óculos, tomar um energético líquido legalizado (pois que os outros a idade já não me permite)e fazer o possível para lê-las e, quiçá, retribuir as letras tecladas com tanto carinho e inteligência por vocês.
beijosbeijosbeijosbeijosbeijosbeijo

walter disse...

Eu havia visto o "trailer" deste filme que me deixou entediado.
Discordo de voce quando diz que o Norte Americano e' ingenuo.
Eu tambem pensava assim em 1985.
23 anos apos trocar o nosso querido balneario pela Disneylandia eu posso afirmar que esta pretensa ingenuidade e'uma tremenda malandragem dos "gringos".
Ah,e pra terminar,ai' vai a dica de filme da semana:
Funny games,do Alemao Michael Heneke.

Versao Norte americana de 2008
http://www.youtube.com/watch?v=Ec-70W_K77U

Versao alema de 1997
http://www.imdb.com/title/tt0119167/trailers-screenplay-E12939-314

Impressionante a copia fiel da versao alema!

maria lindgren disse...

Muito bom o comentário do filme de Sean Penn. Confesso que esperava mais do Sean Penn que, apesar de careteiro, emplaca como ator. Gostei da trilha sonora.Concordo com a Dulce, o filme é um Easy Rider, sem a novidade.
Estou com Mathilda:esta história de natureza demais enjoa, embora eu não chegue ao extremo oposto de gostar da fuligem de São Paulo.
Maria Lindgren

Anônimo disse...

Gosto não se discute, mas opiniões sim. Quanta estupidez escrita por você e seus 4 (devem ser os únicos) leitores.
Divirta-se com piratas do caribe!

Anônimo disse...

Não sou um grande crítico de filmes, muito menos alguem que queira mudar a opinião de vocês. Todo filme tem seu drama, romantismo e etc. O filme Into The Wild tambem tem disso... é normal igual qualquer outro filme americano! Eu acho que o mais importante disso é você não ficar baseando no filminho bonitinho do sean, das historinhas bonitinhas, mas talvez tentar pensar mais alto, bem mais alto do que tudo isso e buscar alguma verdade pra ti. Só isso, o que o filme deixou de mostrar ou mostrou cada um leva o que quiser pra ti, o que vale a pena é não se deixar levar pela Sociedade. Sempre seja vc, não seja um produto da sociedade. Viajar é maravilhoso, duvido que ficar respirando o ar de Sao Paulo é melhor do que respirar o ar do Interior...

Anônimo disse...

Você é movido a monóxido de carbono? Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk... quanta bobagem... quanto fracasso.

MOR disse...

TB NAUM SOU UM GARNDE CRITICO DE FILMES,MAS SEI O SUFIENTE P DIZER QUE A MOÇA DO PRIMEIRO COMETÁRIO QUE É MOVIDA A MONOXIDO DE CARBONO FALOU MUITA BOBAGEM....É CLARO QUE A HISTÓRIA DE OTZI É MUITO MAIS INTENSA QUE A DE SUPERTRAMP MAS NAUM FAZ DO ALEXANDER UM IDIOTA SEM NOÇÃO....TALVEZ VC DIGA COISAS BASEADAS NO QUE LÊ OU NO QUE ESCUTA E FAZ DISSO APRENDIZADO DE VIDA...CERTO...MAS AXO QUE VC DEVERIA VIVER MAIS,...CONHECER MAIS SOBRE SUA EXISTENCIA P DEPOIS POSTAR ALGUM COMENTÁRIO SOBRE A LIBERDADE...MENINA DE MONOXIDO

Anônimo disse...

"Sou movida a monóxido de carbono. Não tem jeito. Entretanto, sou amante da natureza. Gosto de admirar passarinho, horas, fazer meu exercício nefelibata diário, olhar a chuva batendo sobre as árvores." hahahahahahahahhahahahh!!!!!!!!!!!!!!
Fala sério....quanta bobagem!
Vc deve amar aquela natureza falsa e criada por conveniencia do Central Park!

Anônimo disse...

Nossa, quem fez esse primeiro comentário realmente não tem a menor noção da vida. fiquei tão indignada que pensei em não responder, mas a indignação foi realmente tão grande, que resolvi manifestá-la....
em primeiro lugar, o supertramp não deixa de lado uma "vida burguesa" ou os confortos industriais....não é assim tão superficial, minha querida....se vc acha isso, realmente não entendeu nada, ou a leitura que o Sean Penn faz, então não pode criticá-lo....
o que ele deixa de lado são as brigas e os valores deturpados, uma família despedaçada, uma vida triste...o foco do filme é a sua busca pessoal, e não a natureza...tenta assistir o filme novamente, com alguém ao lado para te explicar....
e falar em gps, convenhamos....diante de tal fotografia, paisagem e trilha sonora, é melhor vc ir assistir Legalmente Loira....já deve estar saíndo o nº3....

Anônimo disse...

Não gostei do seu texto e adorei o filme.

Anônimo disse...

Gente, comecei a ler esse blog e fiquei tão indignada com o conteúdo postado "Alexander Supertramp versus Homem do Gelo". A começar pelo título, defasado até não poder mais. Claro, cada um tem uma leitura sobre o filme, mas o determinismo do texto, o senso comum, as analogias fracassadas e sem contexto adequado, foram suficientes para desqualificá-lo. A premissa do filme não é Jack London, mas sim o personagem-real Christian McCandeless...(leia tb o livro Into The Wild)...quanta comparação banal! "Eu, que já fui eliminada há anos pela seleção natural das espécies, tenho verdadeiro horror a essas aventuras, e acho que, se Deus quisesse que vivêssemos deste jeito, não teria colocado tantos restaurantes na Big Apple, a única maçã que me tenta no paraíso urbano." SEM COMENTÁRIOS...PARABÉNS A TODOS QUE POSTARAM NO FINAL ALGO VALIOSO...
Luciana F.

Anônimo disse...

Só para completar minha postagem acima....
óbvio que Jack London influenciou Chris...mas não se pode partir disso para entender e comentar o filme...ora...conforme escrito anteriormente, o foco do filme é outro...e no próprio trailer é possível ver isso: "Alguns estão em busca de aventuras...ele estava em busca dele mesmo...(algo do tipo)"....entendam antes de criticar o filme...leiam sobre o filme, e não apenas sobre quem influenciou o personagem... Otzi...Madonna...Dulce Quental...que referências extremas e limitadas, heim? OBS: só cheguei nesse blog pq fui em busca de "Alexander Supertramp", e saí abismada....
Luciana

Anônimo disse...

CoNcordo....palhaçada essas donas do blog q acham q tem humor e inteligencia...e vem falar do Sean Penn????

Fabi Batista disse...

Ainda bem que você não gostou do filme... fico muito feliz! Ficaria um tanto quanto confusa, para não dizer muito preocupada, se uma pessoa que é "movida a monóxido de carbono" e que acha "o landscape de NY o Eden", tivesse realmente gostado deste filme. Talvez o filme represente para você o que matemática representa para mim. Não gosto porque não entendo. Mas me sinto mais à vontade para assumir minha ignorância do que para ser estúpida o bastante e dizer que matemática é inútil.
Talvez Alexander Supertramp pudesse ter alcançado seus objetivos de uma maneira bem menos dramática, porém não deixo de admirá-lo por conseguir enxergar a podridão de hábitos e a sociedade doente em que estamos metidos.
Sinto que tenha morrido. Ele deveria contar sua própria história e não ser sujeito a interpretações que em quase 100% das vezes não retratam a realidade. Acho que muito menos gostaria disso, já que Hollywood não é a Oxfam. Aliás, será que alguma parte dos ganhos tanto com filme e livro foi doada para qualquer instituição que compartilha a visão que Chris tinha do mundo? Acho que não...
Não vou me arriscar em comentário cinematográficos porque disso não entendo mesmo. Embora tenha adorado todas as paisagens, além da história, claro, foi a trilha sonora que me ganhou. Ninguém melhor que Eddie Vadder para criar as canções de um filme como esse.

Anônimo disse...

Da próxima vez pensa bem antes de postar outra asneira destas...o filme é muito bom sim, a história do alex é um exemplo que deveria ser seguido por todos nós, em que cada vez mais nos afundamos em um mundo de ódio e ambição...

crmf30@bol.com.br

rr659 disse...

Um dos textos mais equivocados que eu li nos últimos tempos. É triste ver as pessoas descarregando suas frustações em supostas críticas cinematográficas.

Anônimo disse...

acabei de assitir ao filme, agora mesmo.
só, achei seu texto confuso. as comparações são estranhas, a começar pelo título.
otzi não nem nada a ver com o contexto de supertramp, digo.
são momentos diferentes, e o importante para se entender o que o chris fez é saber enxergar e compreender quem ele era, como ele vivia, e tal. e acho extremamente errado começar com julgamentos do que existe dentro da cabeça de outra pessoa. você não sabe o que supertramp pensava. nem sean penn. therefore, você não pode julgar o que o motivou a fazer o que ele fez.

sugiro que você se cale. mesmo. e tome umas aulas de redação pra melhorar essa coesão sua.

Anônimo disse...

Caramba!
Descrever um belo exemplo de antagonismo ao estilo de vida norte-americano e burguês como " inoscência americana" não deveria ser postado em algo como um blog, onde seja possível acesso público.
Mas dando uma espiada melhor nesse blog, onde existem críticas como: "Alexander Supertramp versus Homem das Neves" e alguns outros comentários como " sou movido a monóxido de carbono" em plena luta contra o Aquecimento Global, pode-se notar a inutilidade desse blog.
Pois é, o melhor conselho para esse caso é: Assistam bastante filmes, pois a vida real não é com vocês mesmo!

Anônimo disse...

Boa tarde bloguista e comentadores,

Julgar obras artísticas é sempre tema de conflito porque todo julgamento é feito de um lugar, um determinado ponto de vista, que é construído pelos valores e referenciais que nos constituem dentro do contexto em que vivemos. Acho que saber isso deveria servir de critério para a postagem de comentários seja elogiosos, seja críticos, porque nem quem posta o blog deve tentar assumir A posição, mas somente UMA posição, assim como os comentadores deveriam fazer o mesmo. Desqualificar os comentários chamando-os de bobagem é uma falácia, não tem valor argumentativo nenhum pra quem entende um pouco de retórica.

Depois desse preâmbulo, achei que a postagem inicial comete essencialmente uma falha: ficar oscilando entre 1. um comentário particular de alguém particular e 2. uma pretensão a uma crítica universalista. A autora "achar a Skyline de NY o Éden" e desprezar aventuras porque não se acha apta para enfrentá-las torna seu comentário válido somente enquanto posicionamento pessoal, mas nada ou muito pouco diz enquanto crítica da obra cinematográfica, porque esse juízo valorativo é particular.

Mas o texto também tem alguns comentários muito oportunos e que dão margem para boas reflexões. 1º. aponta para a aventura do Chris como sendo bem romântica (à la Thoreau), baseada na crença de que a vida isolada da sociedade em meio à natureza pode conduzir à descoberta de uma essência ou verdade interior. Por isso ela é individualista, o que é uma característica do romantismo. 2º. aponta para uma distância colossal que existe entre o modo de vida ocidental urbano e um modo de vida "nativo". Aliás, Chris estava afastado das pessoas, mas não completamente da civilização: ele usava mochilas, roupas, sapatos, inclusive uma espingarda, e não hesitou em usar recursos como cama, colchão, aquecedor e um teto de metal. Houve uma saída da civilização enquanto relações interpessoais, mas não houve uma ruptura com as técnicas e instrumentos que ela criou. Me pergunto se ele não deveria, para ser coerente, ter se iniciado do zero quase que totalmente, como fez Thoreau que construiu sua cabana às margens do Walden unicamente com suas mãos e pouquíssimos recursos instrumentais?
3º. é só se pensarmos nessa distância de modos de vida urbano e silvícola que faz sentido entrar com o Homem do Gelo, enquanto padrão de comparação do nível de adaptação funcional de diferentes culturas. Mas só isso. Dizer que Otzi serve como referência para um modelo de vida mais integrado à natureza é tão romântico quanto a pretensão do Chris, porque ainda não sabemos como que SIMBOLICAMENTE essas culturas se relacionavam com a natureza: e se elas tiverem tido a mesma relação de predação, domínio e subjugação que é característica da nossa cultura, mas só não causaram tantos danos por falta de instrumentos mais letais?
4º. As estratégias cinematográficas que o Sean Penn utiliza são coerentes com a construção do personagem, que é uma espécie de Herói (segundo o mito do Herói levantado pelo Joseph Campbell). Essa construção ressaltou excessivamente o jovem idealista, arrogante e individualista que foi Chris e deu cor e beleza a essas características. Em Krakauer há uma leitura mais crítica das relações sociais do Chris; no filme parece que a família e a sociedade são vilões imperdoáveis, o que é superficial e injusto do ponto de vista crítico, mas talvez fosse o que se passava na cabeça do jovem Supertramp.

E nem Chris nem Otzi são exemplos de Bons Selvagens rousseaunianos, porque essa é uma categoria lógica e não antropológica (pro Rousseau o Bom Selvagem em carne e osso nunca existiu, só é possível ser pensado para explicar a origem da civilização), antes me lembram os naïfs (ingênuos) do romantismo alemão, que pensavam que a saída para a então revolução industrial seria a fuga para o campo, o bucolismo, a hipervalorização do natural. Nesse ponto acho pertinente dizer que Chris foi "ingênuo".

Foi um filme que mexeu muito comigo porque o que Chris concretizou com muita audácia eu fiz em intervalos menores e de modo, digamos, "administrado", porque eu sabia quando iria partir e quando iria voltar. Mas hoje tenho consciência de que o que dá sentido à vida são as relações interpessoais, e delas não quero abrir mão.

Saúde!

Pires d'Almeida

piresdalmeida@sapo.pt

Anônimo disse...

Coração peludo!!!!!

Anônimo disse...

hahahaha.... Que texto ridículo, são nessas horas q sinto vergonha alheia!

Anônimo disse...

Texto ridiculo...... movida a monóxido de carbono?..............kkkkkkkkkkkkk
Quem disse que foi Deus que criou esses restaurantes? que texto imbecil.....................Excesso de turismo ecologico?
Essa é a história, ele passou por tudo isso, o filme somente retrata.......Leia o livro antes de escrever uma crítica dessas, ou procure se informar melhor......e aliás GPS em 1992? onde?kkkkkkkkkkkkk
Realmente uma critica muito ruim de alguém que conhece pouco a história e de linguagem cinematográfica.

Anônimo disse...

Para dar início ao meu comentário vale lembrar que "Alexander Supertramp" ao "sumir do mapa", queimando sua identidade, doando sua grana e dando um fim em seu carro, e se batizando por outro nome, e ainda, não levando o tal GPS (comentário estranho esse) não queria virar filme e nem ser comentado em blogs como este. No entanto, como acredito, aconteceu ao contrário de sua vontade e hoje ele e sua vida é comentada por muitos jovens do mundo inteiro!
Não acho que ele tenha errado, por que a sua intenção não foi errar, nem acertar... ele queria experimentar e foi isso que ele fez! Não teve medo do desconhecido, nem da morte e nem de viver!
Quantas coisas ou vidas já desejamos, mas por medo e por diversas justificativas, acabamos deixando para trás? Dizemos que é por causa dos pais, ou dos filhos, ou do marido, mas a verdade é que por puro medo! Nos tornamos aleijados por nós mesmo! Limitados! Meros espectadores da vida alheia! Julgadores!
Queremos que todos sejam iguais a nós, que tenham o mesmo valor que nós, que valorizem as mesma coisas que nós... Mas isso é uma bestialidade sem precedentes!
Alexander Supertramp viveu (pelo menos seus 2 últimos anos de vida) da maneira que quis sem a intenção de ser julgado e condenado, muito menos por pessoas que nem vivem apenas sobrevivem!
Tristes são aqueles que deixam de conhecer alguma história por que "ouviu dizer alguma coisa a respeito". Essas pessoas não têm opinião própria e são preconceituosas no mais puro significado da palavra preconceito!!

Anônimo disse...

Esse post me lembrou alguns adolescentes que se dizem injustiçados e que odeiam seus pais... ¬¬

Sinceramente, quanta bobagem essa menina que postou disse. O lenadro almeida falou bem e bonito. São assimilações grotestas que se fazem rente ao Supertramp. Confesso que o filme nos deixa um pouco hipnotizado, mas não deixa de ser um grande filme, com uma espetacular trilha sonora.

Lembrando que eu só entrei aqui porque procurei coisas sobre o alex supertramp.

Ei, dona do post, vai ler o livro antes de fazer comparações impertinentes e sem fundamentos.

Obrigado a todos e boa noite.

Anônimo disse...

que merda de texto hein...

Flávia Galvão disse...

Olá pessoas! Ainda Alex supertramp... como muitos, cheguei aquei através do google. Definitivamente discordo da opinião da autora, me parece que por ser radicalmente diferente dela em minhas ambições, mas isso não é razão para não admirar o texto, ainda que antagônico à minha opinião. Só queria deixar um ponto de reflexão: uma pessoa que pouco antes de morrer, anota o pensamento de que "a felicidade só é verdadeira quando compartilhada" não é exatamente um exemplar de alguém que deixou de acreditar em vôos coletivos. Um abraço, Flávia Galvão flag.flavia@gmail.com

Anônimo disse...

Porque essa menina que fez esse julgamento péssimo sobre Chris McCandless e sobre o filme de Sean Penn não se manifesta sobre as críticas ao seu texto?

Meu palpite é que no mínimo não tem argumentos ou então está tão envergonhada com tanta bobagem que escreveu a ponto de se fingir de morta!

Dj AnderBio disse...

Galera , parem de falar asneiras

as pessoas são pessoas , o fime é bom principalmente para as pessoas que se identificam , aquelas que quando ver os problemas da vida , de tanto se curar num bar , vai se isolar em algo profundo e espiritual.
se a história não agrada tudo bem , se dizer que ele foi inocente , foi concerteza , mas ele conseguiu a meta , ir a onde queria ir , o que muitas pessoas ivejam, pelos lugares q passou , conseguiu amizades verdadeiras.