sexta-feira, 7 de março de 2008

Mamãe Noel, Playmate da Páscoa

Antes de iniciar meu texto-manifesto sobre o dia internacional da mulher, eu preciso recomendar, efusivamente, que vocês leiam, algumas linhas abaixo, o da Mary. Não é por ser minha filha, mas essa moça ainda vai me garantir uma velhice muito confortável, com direito ao melhor vagão do Orient Express. Ali, ela expõe pontos de vista, que nenhum comentarista político ousou aventar. Vocês vão ver as eleições americanas sob as lentes de uma mulher incomum, que defende sua tese original, com erudição despretensiosa e muito sabor.

É impossível não comentar, na efeméride presente, o embate Hillary versus Obama. Monteiro Lobato, segundo me contou a atriz e diretora, Joice Niskier, escreveu um único romance adulto, que versava sobre a disputa das eleições americanas, no futuro, entre um negro e uma mulher. E, de fato, a contenda é entre a mulher e o negro. McCain é só perfumaria. Os republicanos estão fora do páreo. Mas pode ser veado, pode ser negro, pode ser muçulmano, pode ser até travesti, mas mulher não pode. Esta é a eleição mais importante, nos Estados Unidos, em muitos anos. Muito mais do que a que disputaram Bush e Gore. Bush e Karry. Pela primeira vez na história, uma mulher pode disputar o lugar de presidente de um país super poderoso.

Mesmo que os filósofos considerem o feminismo a única grande narrativa do século XX, a mulher continua, como lembrou Mary Fê, a ser o negro do mundo, previsto por Jonh Lennon e Mussum, que era neguinha. A cultura negra é muito machista. Tanto quanto a asiática. O mulherio sofre na mão desses cabras macho. E, de tanto apanhar, canta: "I love my man." Mais ou menos como as brasileiras. O Brasil é tão machista quanto países da África, da Ásia, e eu costumo dizer que aqui a mulher só não usa véu porque inventaram o fio dental.

Foi justamente nos EUA, que as mulheres se organizaram e exigiram direitos iguais, há mais de um século. Nos anos 60, a feminista judia norte-americana, Gloria Steinem, aproveitou-se de seus atributos físicos e se imiscuiu entre as playmates, a fim de fazer uma matéria sobre a exploração das coelhinhas pela e pelo Playboy, Hugh Heffner. Foi um escândalo. Ele a ameaçou de morte. A imprensa gostava de cercar Steinem, em entrevistas coletivas, para lhe descer o cacete. Mas ela cruzava aquele par de pernas fenomenais que, somado a seu discurso coerente, firme e insólito, fazia com que o cacete ficasse duro, mas não saísse da cueca. Gloria era uma glória. Mais simplória, a dona-de-casa, Betty Fridan, foi duramente atacada pela imprensa tupiniquim, que ignorava Steinem, que era linda, e a colocava em evidência, porque, menos radical que a colega, Fridan não era bela.

Passadas algumas décadas, avalia-se que o feminismo possa ter trazido mais deveres que direitos às mulheres sobretudo de países como este nosso. Para o homem brasileiro, foi sopa no mel. Não precisa mais sustentar a família, não raro, é sustentado pela mulher e nem por isto vai lavar louça. Mas, enfim, os homens podem ser o que for. Tou me lixando. Afinal, estou na manicure internet. O problema são as brasileiras. Eu fui casada 25 anos com um homem que me sustentava, cozinhava, dirigia, incentivava minha carreira e fazia todas as minhas vontades. Um dia, ele se cansou, jogou o avental no chão e disse: - Vou me embora! Você nunca elogiou minhas panquecas. Eu sofri horrores, principalmente na hora de trocar a primeira lâmpada. Mas não me arrependo dos estatutos feministas que formulei especialmente para o Brasil, que aqui tentarei resumir.

Já foi até tema de escola de samba, uma tribo africana, pasme!, onde as mulheres comandavam os homens, que trabalhavam para elas o dia inteiro, enquanto as chefas só tinham por obrigação se enfeitar. Vi uma palestra, na Universidade de Colúmbia, de uma antropóloga que demonstrou com documentos muito fidedignos que esta foi considerada, durante toda a história, a sociedade mais equilibrada e feliz, tanto para homens, quanto para mulheres. Como temos uma geografia antropológica semelhante a dos países africanos, eu acho que este seria o modelo ideal de sociedade pra gente. As mulheres se ocupariam de se enfeitar e pensar. Os homens, de agir. Testosterona serve, afinal, pra quê? Só pra jogar futebol? Tenho a mais profunda convicção de que, adotado este modelo, nossos índices de pobreza, analfabetismo, doença, mortalidade infantil, distribuição de renda injusta, violência...esses recordes que batemos nas olimpíadas do terceiro mundo, iriam ser controlados, erradicados, banidos.

Homem, convenhamos, desses mais comuns, o eterno masculino, em geral, é enfadonho. As mulheres são muito mais divertidas. Pois eu vejo amigas minhas pararem para ouvir o discurso de seu macho, que nunca consegue falar, se tiver alguém falando simultanemaente, e pedir silêncio, no século XXI, não é na Idade Média, para ouvir o fulano narrar como consertou o pneu do carro, como quem ouve o filho contar que desenhou um coelhinho, ou coelhinha, na escola. Então, o que temos, entre os mortais autóctones é: de um lado, as nossas gueixas sem queixas; do outro, os senhores feudais e sua gleba, na qual, elas plantam, colhem, cozinham, levam à mesa e pagam a conta.

Mas o mais irritante é receber emails e similares, parabenizando-nos por este único dia. A exemplo do Natal e do Ano Novo, em que pessoas que brigaram e se sacanearam o ano inteiro ficam imbuídas de um espírito cristão, que nunca tiveram, e saem a distribuir votos de felicidade. Então, nós, mulheres brasileiras, somos uma espécie de coelhas da Páscoa, playmates, ou Mamães Noéis, e temos que ficar muito agradecidas de saber o quanto somos importantes apenas neste dia, o quanto somos seres pensantes, ou belos, vivos, mesmo. E não babás de marmanjos. Então, não me mandem flores. Não me parabenizem. Eu tenho vergonha deste dia. Vergonha de o atravessar no Brasil. Vergonha dos homens e mulheres brasileiros, que não saíram das ocas, ou, se saíram, foi pra evoluir pra algo pior.

Lembro-me de que, há alguns anos, uma TV me entrevistou para falar do dia internacional da mulher. A campanha era a de que as mulheres dirigiam melhor que os homens. Perguntaram o que achava. Respondi: eu acho que mulher não deve dirigir. Deve ter motorista fardado.

Quanto às eleições norte-americanas, eu acho que o Obama Bin Laden deveria era virar motorista da Hillary. Não porque ele seja negro, que eu também sou neguinha. Mas porque ele é homem. E ela, uma dama. Será possível que ninguém aprendeu nada com a Rainha Elizabeth I, que fez da Inglaterra o país mais rico do mundo, durante 500 anos, e poupou o Reino Unido das misérias da inquisição, além de instituir o período elisabetano, com seu renascentismo agnóstico?!

Sim, as mulheres são excelentes rainhas. Bess I e Cleópatra, antes dela. E, se eu fosse a Hillary, eu iria acabar com a democracia e instituir a monarquia. E coroar toda mulher americana, judia, negra, latina, brasileira, chinesa...porque nós somos todas rainhas.

So Goddess save the queens in all the world! Today and forever.

Queen Math, mothern of Queen Mary

3 comentários:

Natalia Mallo disse...

dia da mulher, natal, reveillon, (festas cruéis), dia da consciência negra, ouçam bem: vocês me dão muita preguiça!

Ricky disse...

Mathilda!! Finalmente voce veio para o lado negro da força de comunicação, embarcando nesta nave interplanetária interneteana, externalizando suas opinioes para o mundo (e outros mundos)! Agora podemos usufruiu constantemente do brilho de suas palavras, do ardor de seu raciocínio, da mordacidade de suas sílabas sibilantes, já que a vida real nos impede de abandonarmos tudo e todos e tantos para ficarmos dias a fio, noites de frio, basking in the light of your wit. Agora voce está a um clique! E o que é melhor, tem como fechar a página, coisa que na vida real ficaria deselegante para não dizer desagradável.

Ricky disse...

E tem mais; Dia Internacional da Mulher é coisa de macho...