segunda-feira, 24 de março de 2008

In Gods and Godesses we trust

Você sabe que a vida inteligente está ameaçada num planeta, não exatamente quando os imbecis tomam conta, mas quando os inteligentes passam a virar rinocerontes de Ionesco, isto é, deixam-se contaminar pela burrice grassante. A humanidade realmente padece de uma ingenuidade sem fronteiras. Será que as diminutas cabeças pensantes que ainda habitam esta esfera não percebem o que se passa?
Os Estados Unidos, como já cansei de lembrar, fizeram da Segunda Guerra Mundial, o primeiro workshop de sua maior indústria: a armamentista. Tanto que a gerra já havia terminado, e eles largaram uma bomba em Hiroshima e outra em Nagazaki, pra demonstrar a eficácia do produto, que, graças ao Exército Vermelho, que ganhou a guerra, efetivamente, e invadiu a Alemanha, antes dos aliados, não pôde ser testado na Europa. Porque é assim que os norte-americanos funcionam. Pra acabar com uma guerra, eles inventam outra. Pra acabar com o holocausto, os americanos teriam aniquilado todos, os algozes e as vítimas. Desde a terceira grande guerra, portanto, a América se tornou uma grande potência, através de duas indústrias: a bélica e a cinematográfica. Ambas são as únicas indústrias daquele país. Americano não sabe produzir nada, a não ser filmes e armas. Aliás, melhor seria dizer, a indústria do entertainment. Eles aprenderam com os nazistas a propaganda. Importaram para seu país, de irlandeses obtusos, bem diferentes de Oscar Wilde e James Joyce, o que de melhor havia na Europa do ponto de vista cultural, e formaram um timaço de diretores de cinema, atores, músicos...todos refugiados de um continente ameaçado. De Strawinski a Billy Wilder, passando por Garbo e Dietrich, os americanos apostaram nos gênios da época e convocaram judeus cansados de vender sapatos, como o genial David O. Selznik, para administrar o business. De um lado, propagavam-se as maravilhas do American Way of Life, de outro, vendiam-se bombas atômicas, com a justificativa de que estas iriam assegurar estas maravilhas ao mundo. E, desde então, os EUA dependem desses dois pólos industriais para não entrar em recessão. O que acontece agora é que outra recessão monstruosa se avizinha. Na de 1929, eles partiram pra Segunda Guerra, como recurso. Ali, os lords da indústria bélica sacaram que teriam que deixar a guerra se prolongar por alguns anos. "Casablanca" é de 1942, por exemplo. E a Guerra é o pano de fundo. De um lado, a propaganda constrói uma aura de heroísmo aos aliados. De outro, a segunda e a maior indústria americana vende armas. E, no meio, morrem seis milhões de judeus, 15 milhões de russos, num total de 60 milhões de vidas, caracterizando o maior massacre vivido pelo homem em toda a sua história.

Agora, vai ter guerra a dar com o pau neste planeta. Alguém falou em Terceira Guerra Mundial? Acertou na mosca, com uma arma dessas que serão vendidas. No filme, "Fog of war", Robert McNamara conta como ele, um matemático com PHD, foi contratado para otimizar os lucros da Guerra do Vietnam, por Kennedy. Mesmo perdendo formalmente a guerra, os EUA saíram riquíssimos dela. E é o dinheiro que conta. In God we trust. Diz a cédula do país, que, a bem da verdade, deveria dizer: in Trust we are God. Porque, desde que os Trusts lucrem, o que são alguns milhões de vidas? Deus está do lado dos ricos. Deus os faz ricos, porque eles são merecedores. Deus são as corporações, o capital, o lucro... O resto é um bando de reles mortais. Nós! Então, vai ter guerra na América Latina. O mundo livre está ameaçado por Evo Morales e as farcs. Vai ter guerra no Tibete. Os monges estão ameaçados pela China e os bravos americanos vão salvar suas carecas. Vai ter guerra no mundo todo, em nome da liberdade e da venda cavalar de armas. Nada disto me impressiona. O que me impressiona é ver esta campanha pela salvação do Tibet, quando quem está ameaçada é uma espécie inteira. O Dalai Lama é a garota propaganda. O Tibet é o cenário. O produto: mísseis missionários. O lucro, de Wall Street.

Não partilho de nenhuma dessas religiões. Na nossa família, a minha e da Mary, somos politeístas gregos. Observem que os planetas do Sistema Solar, bem como constelações diversas, galáxias e que-tais, têm nomes de deuses gregos e titãs etc. E nós somos regidos por eles. Somos uma partícula deste imenso universo, nas mãos desses astros. E eu não vejo realmente a hora de Zeus e sua turma mandarem uns raios pra iluminar as cabeças pensantes mortais, antes que elas rolem de vez e deixem o mundo à mercê de idiotas. Enquanto isto não acontece, sento-me frente a este instrumento, Vulcano, que sou, sem ser Doutor Spock, mas o deus manco, do aço, no meu caso, titânio, filho de Hera e Zeus, nesta já-Era, pensando, ao lado de minha filha, uma sentada no bidé, outra na privada, bem helênicas, por que Prometeu ensinou o fogo a esses babacas?! Eles agora o usam uns contra os outros. Aquecem o mundo. E destroem a possibilidade que lhes foi ofertada por aquela primeira centelha, que lhe custou o fígado.

Os verdadeiros santos, como Cristo, Ghandi, Lennon, que experimetaram os pecados humanos, foram todos punidos, não por Zeus, mas pelos mortais. Porque queriam ensinar, não o fogo, mas o calor do amor universal. Esses que se proclamam salvadores da humanidade, em nome do mundo livre, não são sequer titãs, mas títeres consentidos nas mãos do demônio da ignorância.

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